Já tem algum tempo que venho notando esse comportamento em praticamente todo lugar, porém foi somente a algumas semanas que me deparei com o termo em um vídeo no Youtube e, desde então, venho pensando não somente em escrever sobre, mas como identificá-lo no dia a dia.
Este que, infelizmente, é mais um motivo pelo qual devemos nos preocupar, vem corroendo o nosso poder de compra ano após ano e, de maneira muito similar a inflação, é algo muito sútil, quase imperceptível e pouco noticiado.
E não menos importante, se ainda não conferiu a matéria onde indiquei 5 motivos pra calcular a própria inflação, clique no link "segurando o Ctrl" pra já deixar aberto em outra Aba do navegador.
Em termos simples, trata-se da diminuição do tamanho, da quantidade ou até mesmo da qualidade de um produto, sem alguma contra partida no preço, este último que se mantém, ou ainda, em alguns casos até aumenta.
Não devemos confundir, neste caso, com alguma "sacada" do fabricante que, atendendo a alguma relamação ou alguma demanda do time de Marketing, passou a oferecer o mesmo produto em uma embalagem menor, digamos 50% do tamanho original. Onde apesar do preço não ser exatamente a metade, mas algo próximo disso e você não precisa ficar com aquele pote enorme de maionese na geladeira por "tempo indeterminado".
Traduzindo para um exemplo cotidiano, basta olhar com mais atenção para o tamanho das barras de chocolate, ou ainda, a quantidade de ar presente nos pacotes de "salgadinho".
Se, assim como eu, ir ao mercado é algo quase automático, que envolve uma lista de itens e - quase sempre - o mesmo local, área de estacionamento, etc., dificilmente olhamos para a embalagem a menos que mude algo significativo, ou tenha algum cartaz de promoção que nos leva diretamente a validade.
Retomando o nosso exemplo, pode ser impressão minha, mas as barras de chocolate estão cada vez menores ano após ano, mas qual é o limite, o que vem depois? Acredito que muito em breve veremos uma "nova" versão da mesma barra com o dobro do tamanho, com algum termo do tipo: mega, família, hiper, extra grande, porém com o dobro do preço ou algo muito próximo disso.
Quer outro exemplo, porém fora das gondolas do mercado? Já tem um bom tempo que noto alguma diferença no pão (qualidade e tamanho) do Madero, por exemplo. Nada contra a marca, sempre que o bolso permite é uma excelente opção para o jantar em família, mas é impossível deixar de notar a diferença.
Extrapolando um pouco esse coneceito, já parou pra pensar por que toda fabricante de pneus mantém 3 ou 4 linhas? Parece natural, mas digamos que já comprou a mesma linha (marca/modelo) 1 ou 2 vezes e, de repente, ela deixa de existir, você questiona o pessoal da loja e eles informam que aquele modelo foi substituído pela linha intermediária, mais isso, mais aquilo, maior qualidade, etc., etc.
Enfim, não posso afirmar com certeza e, certamente, não se trata de nenhum tipo de acusação ou algo do tipo, mas me parece uma prática já consolidada e que não se restringe a alimentos.
Costumo ser criativo e não tenho por hábito, atribuir uma única causa a sistemas complexos, em todo caso, é seguro afirmar que a principal causa está associada a inflação dos preços.
Inclusive, arrisco dizer que esse fenômeno torna-se mais perceptível a medida que este indicador econômino (inflação) acelera, tornando está medida necessária para a sobrevivência de qualquer negócio.
Pensando um pouco a respeito, acredito que foi a alternativa encontrada pelas empresas, por exemplo, para não reduzir o volume de vendas. Afinal, se o valor do produto dobrar de um ano para o outro, certamente os consumidores notariam a diferença, reavaliando a necessidade daquele produto.
Agora, e se a mesma empresa elevar o valor do produto em 40% no mesmo período (um ano) e, ao mesmo tempo, for diminuindo o tamanho em, digamos, 1% todos os meses? O aumento será menor, provavelmente mantendo o volume de vendas inalterado e, ainda assim, repassando o restante da inflação indiretamente.
Os valores aqui mencionados são uma simplificação, não se apegue a eles, e - eu particularmente - acredito que esse movimento não se dá de um ano para o outro, exatamente com a proposta de torná-lo imperceptível ao olhos do cliente final.
Como é sempre bom ressaltar, não sou nenhum especialista, este artigo é puramente de opinião e cunho informativo, algo para reflexão, conhecimento, apenas.
Isso posto, uma rápida pesquisa mostrou que já existe uma portaria do Governo Federal a qual descreve uma série de regras relativas a divulgação na embalagem dos produtos, porém ela não dispõe sobre a qualidade dos produtos, por exemplo, e - eu particularmente - não acredito que outro papel rabiscado soluciona algo.
Salvo algum erro ou descuido por parte da empresa na divulgação, não há nada de errado com essa prática pelas empresas.
Como já deve ter imaginado, quem sempre paga o preço somos nós e, talvez, a única forma de lutar contra isso é manter-se atento e comprar os produtos que não fazem, ou fazem menos no pior dos casos, pensando justamente em não perder o seu poder de compra.
O Marketing é pesado e são muito criativos, daí a necessidade de dobrar a atenção, questionar, conversar com familiares e amigos, pra não deixar isso passar e ser - de certa forma - enganado comprando menos pelo mesmo preço e depois ainda aplaudir quando sai a versão maior de um produto.